Em 2023, foram registrados mais de 23 mil casos de acidentes com escorpiões na Bahia, três mil a mais que no ano anterior
Nos últimos meses, muito tem se falado nos casos de dengue e outras arboviroses provocadas por mosquitos, como a Febre do Oropouche. Entretanto, um outro problema de saúde pública causado por animais é pouco debatido: os acidentes com escorpiões. Eles podem causar de dores,sudorese e até arritmias cardíacas e edemas pulmonares, levando as pessoas até a morte, em casos mais graves.
BAHIA LÍDER DE CASOS NO NORDESTE
O escorpião é o animal peçonhento que causa mais acidentes no Brasil desde 2004, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. A Bahia ostenta uma marca nada positiva desde 2018, de ser o estado líder de casos de acidentes com escorpiões na região Nordeste. Em 2023, foram registrados 23.146 casos, mais de três mil a mais que em 2022, segundo dados do Sinan.
Para além da liderança regional, a Bahia é o terceiro estado em número de casos desde 2018, perdendo para São Paulo e Minas Gerais, respectivamente.
O município com maior número de casos é Vitória da Conquista, que registrou, em 2022, 554 ocorrências, seguido por Feira de Santana e Poções.
Curiosamente, a justificativa para o alto número de registros para o escorpionismo está atrelada à preferência do animal por climas quentes, bem como a falta de saneamento básico e o crescimento descontrolado das áreas urbanas.
Segundo Denise Candido, bióloga no Biotério de Artrópodes do Instituto Butantan, as altas temperaturas colaboram na proliferação do escorpião, tanto que a distribuição das 30 espécies mais perigosas do mundo está concentrada nas regiões tropicais e subtropicais. “O desmatamento ajuda, porque vai entrando na área dos animais, invadindo a área deles e tirando a comida. Basicamente, o crescimento desordenado nas áreas urbanas é justificado pelo aquecimento e o desmatamento”, explica a especialista.
ESCORPIÕES
Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, os escorpiões não são insetos, mas sim aracnídeos, sendo parentes próximos das aranhas. Na Bahia, a espécie mais presente é a do escorpião amarelo (tityus serrulatus); sendo possível encontrar também o escorpião-do-nordeste (T. stigmurus), ambos de cor amarelada.
A bióloga ressalta que as duas espécies se reproduzem assexuadamente por partenogênese, onde os óvulos se desenvolvem diretamente em embriões, sem serem fecundados. Isso contribui no aumento significativo da população de escorpiões. “Em transporte de madeira ou frutas, por exemplo, caixas que vêm de outras regiões, você pode trazer um exemplar de um filhote do escorpião amarelo e ele vai levar cerca de 10 meses para ficar adulto. Quando ele crescer não vai precisar ter outro; ele sozinho vai ter uma cria de 20 a 25 filhotes”, explica a bióloga.
Uma curiosidade sobre esses animais é que algumas espécies brilham! Isso ocorre porque, em alguns tipos de escorpiões, há substâncias chamadas de mucopolissacarídeos, por toda a carapaça, causando o brilho quando expostas à luz.
“Alguns autores dizem que é para se guiar pela luz da lua, porque ela reflete a luz ultravioleta do sol. Fala-se também que com a fluorescência deles, os escorpiões acabam enxergando um pouco mais o claro ou escuro e assim encontram o caminho para uma toca ou abrigo. Mas nada disso foi comprovado”, diz Denise.
COMO EVITÁ-LOS
Uma forma de não ser picado por escorpiões é a prevenção, adotando certos cuidados como:
– Evitar o acúmulo de lixo e vegetação densa perto de residências;
– Evitar colocar as mãos ou pés em luvas ou calçados sem que se sacuda ou avalie, pois é onde esses animais costumam se esconder;
– Manter berços e camas afastados das paredes;
– Combater infestação de baratas, pois esses insetos servem de alimento para os escorpiões;
– Preservar predadores naturais dos escorpiões como aves de hábitos noturnos (como corujas), lagartos e sapos.
O QUE FAZER SE PICADO
Para além da dor causada pelo apertão das garras, o perigo do escorpião está no seu ferrão, situado na ponta de sua calda, pois é onde estão situadas as glândulas de veneno. Se a pessoa picada não for tratada corretamente, há chance de óbito; em 2022, foram 18 registros na Bahia. De acordo com o volume 55 do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, os óbitos costumam ser causados por edema pulmonar e choque cardiogênico”. No mesmo documento temos acesso ao período onde há maior incidência de casos de escorpionismo no Brasil: entre setembro e dezembro (sendo entre outubro e janeiro, na Bahia).
Além disso, de acordo com dados do Sinan, o grau de mortalidade é maior em crianças entre um e nove anos de idade; enquanto que a maioria das ocorrências é entre pessoas de 30 a 39 anos.
Após ser picado por um escorpião, o local ferido tende a apresentar vermelhidão e inchaço, acompanhado por dores e sudorese. Em casos mais graves, normalmente manifestados em crianças, estão náuseas, vômitos, agitação psicomotora e outros sintomas mais problemáticos como arritmias cardíacas e edemas pulmonares.
Dentre as recomendações estão lavar o local com água e sabão, levar o animal ou uma fotografia do mesmo para ajudar na identificação e, o mais importante, seguir para uma unidade de saúde, para que seja aplicado o soro antiveneno.
fonte: Aratuon
0 Comentários
Fique a vontade para postar mensagens, mas faça com responsabilidade.